CORRIDA POR VACINA ANTIZIKA MOBILIZA SETORES
ACADÊMICO E FARMACÊUTICO
Há
apenas 30 menções ao zika até agora, porém, em pedidos de patentes.Sanofi e
parceira da Merck já iniciaram projetos; GSK estuda viabilidade.
A gravidade da situação leva a uma corrida pela descoberta da vacina |
Em
teoria, não deveria ser muito difícil produzir uma reação imunológica contra o
zika vírus, que está se espalhando pelas Américas, mas criar um produto seguro,
eficaz e de pronta entrega que proteja mulheres e meninas em risco não é fácil
na prática.
Para
começar, cientistas de todo o mundo sabem ainda menos sobre o zika do que
sabiam sobre o vírus ebola, que causou uma epidemia jamais vista na África
Ocidental no ano passado.
Devido
ao seu alto índice de mortandade, o Ebola foi tema de pesquisas sobre
bioterrorismo, o que forneceu pelo menos um argumento a favor da busca
acelerada por uma vacina. Desta vez, o vácuo de conhecimento é mais
preocupante.
Só há
30 menções ao zika em pedidos de patentes – são 1.043 para o Ebola e 2.551 para
a dengue, de acordo com o Índice Mundial de Patentes Thomson Reuters Derwent. E
só foram publicados 108 estudos de destaque sobre o Zika desde 2001, contra
mais de quatro mil a respeito do ebola, como revela a plataforma digital de
pesquisa Web of Science.
Ainda
assim, o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, a Agência de Saúde
Pública do Canadá e o Instituto Butantan, em São Paulo, iniciaram trabalhos com
candidatos em potencial a uma vacina para o Zika, e várias empresas de
biotecnologia também estão no páreo.
Entre
elas está a NewLink Genetics, que ajudou a desenvolver a primeira vacina
bem-sucedida contra o ebola junto com a Merck.
Já há
ao menos uma grande fabricante de vacinas: a Sanofi informou na
terça-feira (1) que vai lançar um programa para criar uma vacina contra o zika,
um dia depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado a
doença e seus supostos elos com má-formação cerebral de recém-nascidos uma
emergência de saúde pública mundial.
A
japonesa Takeda Pharmaceutical também disse, nesta quarta-feira (3),
que montou uma equipe para investigar como pode ajudar a criar uma vacina, e a GlaxoSmithKline (GSK) está finalizando estudos
de viabilidade para determinar se sua tecnologia de produção de vacinas pode
servir.
A
infecção do Zika é tão amena que, na ampla maioria dos casos, suas vítimas não
sabem estar infectadas, por isso é improvável que este grupo de pacientes em
potencial precise ou queira ser imunizado.
O grupo
alvo crucial são as mulheres que podem estar grávidas, já que a maior ameaça
que se suspeita na doença é sua possível conexão com a microcefalia.
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