CRISE NA USIMINAS, SITUAÇÃO DRAMÁTICA
A
siderúrgica mineira Usiminas, com operações em Ipatinga (MG) e Cubatão
(ex-Cosipa), na Baixada Santista (SP), passa por um momento dramático.
Altamente endividada e sem caixa para tocar suas operações, a companhia, que já
foi um dos principais símbolos da indústria do aço de Minas Gerais e do País,
corre risco de entrar em recuperação judicial. O processo de demissões em curso
pelo grupo já afeta a economia tanto da Baixada Santista como a de Ipatinga.
Em
janeiro, a Usiminas suspendeu as áreas primárias de produção de Cubatão
(coquerias, sintetizadores e aciarias), desligou mais um dos seus altos-fornos
e deve concluir até o fim deste mês o corte de 1,8 mil trabalhadores diretos.
O
anúncio de suspensão das atividades de Cubatão e de cortes foi feito pela
siderúrgica em outubro do ano passado. À época, o grupo informou que as medidas
tinham de ser feitas para que o grupo pudesse "se readequar à realidade do
mercado". Em maio, um dos altos-fornos de Ipatinga já tinha sido desativado.
Agora, apenas dois dos cinco estão em operação.
Há
pelo menos três anos a Usiminas tem reduzido suas atividades e demitido
funcionários. Procurada na sexta-feira pelo Estado, a empresa informou que não
divulga o total de trabalhadores diretos do grupo, nem os números parciais dos
desligamentos.
A
empresa informou que as recentes demissões somam 1,8 mil funcionários diretos
na usina de Cubatão até este mês. Em seu último relatório anual, divulgado em
2014, o grupo reportou que tinha um total de 20,2 mil trabalhadores.
Crise
O
setor siderúrgico como um todo passa por um ciclo de baixa, como reflexo da
superoferta global e baixa demanda da China, maior consumidora de commodities.
No Brasil, a situação se agravou ainda mais com a crise econômica. O consumo de
aço teve forte recuo no mercado interno com a baixa demanda das indústrias
automobilística e construção civil, sobretudo, afirmam especialistas ouvidos
pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Em
situação financeira delicada e uma disputa societária em curso - os principais
controladores, a japonesa Nippon Steel e o grupo ítalo-argentino Techint,
romperam relações em setembro de 2014 -, a Usiminas não tem liquidez para
atravessar o período mais crítico da crise, de acordo com um dos acionistas do
grupo, que pediu para não ser identificado.
A
empresa, que vai divulgar na próxima quinta-feira seu balanço de resultados de
2015, está tentando renegociar o alongamento de suas dívidas entre 2016 e 2017,
que somam quase R$ 4 bilhões (de um total de R$ 8,1 bilhões registrados no
terceiro trimestre de 2015) e corre para tentar vender ativos.
Fontes
ligadas à empresa afirmaram, contudo, que a companhia dificilmente conseguirá
fechar as vendas neste momento. Entre os principais ativos estão a Usiminas
Mecânica (de bens de capital), a Musa (mineração) e uma participação na
ferrovia MRS, além de imóveis.
Fonte: Revista Isto é
Dinheiro
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