O
parque do Caraça está localizado nos municípios de Santa Barbara e Catas Altas.
O santuário foi fundado em 1774
para ser uma casa de hospedagem para peregrinos e visitantes, o Santuário do
Caraça pertence à Província Brasileira da Congregação da Missão. É uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural, com mais de 12 mil hectares de área de
transição entre Mata Atlântica e Cerrado, cachoeiras, ribeirões, córregos
e lagoas.
No Centro de Visitantes, monitores orientam sobre os passeios na reserva
natural. Para distâncias acima de seis quilômetros, como o Campo de Fora, o
Vale da Bocaina e os picos, é preciso contratar um guia. Há sete picos no
Caraça: do Sol, do Inficionado, Canjerana, Verruguinha, Três Irmãos ou
Trindade, Conceição e Carapuça. O primeiro, com 2.072 metros, é o mais alto
deles. Já o Pico do Inficionado, com 2.068 metros, guarda a Gruta do
Centenário, a maior e mais profunda caverna de quartzito do mundo, com 500
metros.
Entre
as trilhas para se percorrer sozinho está a que leva à Prainha, às margens do
ribeirão Caraça, de menos de um quilômetro. Outra trilha curta vai até o Banho
do Belchior e os Pinheiros, de onde, vista de longe, a silhueta da Serra do
Espinhaço forma um grande rosto de perfil — a caraça. A Pedra da Paciência, no meio
do caminho para a Cachoeira da Bocaina, também é um excelente ponto para fotos
dessa enorme cara. E, para banho, tem ainda a Cascatona, uma sequência de
quedas e piscinas naturais com 80 metros de desnível, alcançada após seis
quilômetros e cerca de duas horas por trilha de Mata Atlântica,
consideravelmente fechada. Vermelhas do ácido húmico, folhas e raízes em
decomposição, as águas do Caraça são tão belas quanto frias. No inverno, é
difícil aguentar mais de cinco minutos com o corpo submerso.
O
Caraça tem mais de 1.400 espécies de plantas, como carqueja, alecrim,
erva-cidreira, angico, cedro, peroba, canela e jacarandá, além de 205 tipos de
orquídeas e mais de 132 variedades de abelhas. De aves, são cerca de 339
espécies, sendo 71 endêmicas da Mata Atlântica, quatro do Cerrado e quatro dos
topos de montanha do Sudeste do Brasil. Primatas são cinco variedades,
incluídas entre 66 de mamíferos.
A
visita do lobo é um ritual que se repete há mais de 30 anos. Em 1982, os padres
notaram que animais de grande porte reviravam os tambores de lixo. Eram os
guarás. Começaram, toda noite, a colocar uma bandeja de carne e frutas em cada
portão do Santuário do Caraça e elas amanheciam remexidas. Subiram com a
bandeja para o adro da igreja. O lobo-guará foi atrás. Durante dois anos os
guarás foram monitorados por satélite. Descobriu-se que, em todo o parque,
existe apenas um casal e os filhotes do ano. Quando os pequenos crescem, há
luta entre os machos e entre as fêmeas e os derrotados são expulsos, permanecendo
apenas um casal em toda a área do Caraça. Independentemente da comida que os
padres oferecem, eles continuam caçando ratos, gambás, coelhos, preás, cobras,
sapos e aves como a jacutinga e a saracura.
Enquanto o guará
se alimenta no adro, dentro da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens acontece a
missa diária. O Caraça, que já foi colégio e seminário, tem o primeiro templo
neogótico erguido no Brasil, construído sem mão de obra escrava e todo com
material regional: pedra-sabão retirada de perto da Cascatona, mármore das
proximidades de Mariana e Itabirito e quartzito da Gruta do Centenário.
Os
vitrais da igreja, no entanto, vieram da França. Com o brasão do Império abaixo
do Menino Jesus, o vitral central foi doado por Dom Pedro II. De Portugal, veio
a imagem barroca de Nossa Senhora Mãe dos Homens. A igreja tem ainda órgão com
628 tubos e conserva a Ceia de Mestre Ataíde, pintada em 1828. Repare na figura
de Judas, sentado à frente de Cristo, com uma sacola de dinheiro nas mãos, cujo
olhar parece seguir os visitantes pelo templo. No altar principal, está o corpo
de São Pio Mártir, o primeiro corpo de santo trazido para o Brasil. Um soldado
romano, morto por professar a fé cristã, chegou ao Caraça em 1797, como
presente do Papa Pio VI.
Em 1968, um incêndio tomou o
Caraça, onde estudaram os presidentes Afonso Pena e Artur Bernardes, encerrando
as atividades do colégio. Dos 50 mil volumes da biblioteca, salvaram-se 15 mil.
Hoje, são 30 mil livros, a maior parte deles franqueada à leitura dos hóspedes
da pousada. Há vários exemplares dos séculos XVI, XVII e XVIII. O mais antigo é
“Historia naturale”, impresso em Veneza em 1489. O mais pesado, “Palmeiras do
Brasil”, do botânico João Barbosa Rodrigues, impresso em 1903 em Bruxelas, em
dois volumes, o primeiro com 12,5 quilos e o segundo, com 10,8 quilos. Obras do
Padre Antônio Vieira, 200 dicionários e a “Ilíada”, de Homero, em sete idiomas,
dividem as prateleiras com coleções de Machado de Assis, Humberto de Campos,
Gilberto Freire e Eça de Queiroz. O prédio da biblioteca conta, ainda, com um
museu com antigas peças de claustro e uso diário, além das camas do século XIX
onde dormiram Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina quando visitaram o Caraça.
De
Belo Horizonte-MG para o Caraça (120 Km):
BR 381 sentido Vitória-ES até o trevo
para Barão de Cocais – Santa Bárbara – Caraça. Seguir pela MG 436 via Barão de
Cocais. Antes da cidade de Santa Bárbara, virar à direita para o Caraça.
De
São Paulo-SP para o Caraça (700 Km):
BR 381 até Belo Horizonte-MG,
continua sentido Vitória-ES até o trevo da MG 436, para Barão de Cocais – Santa
Bárbara – Caraça. Seguir pela MG 436 via Barão de Cocais. Antes da cidade de
Santa Bárbara, virar à direita para o Caraça.
Do
Rio de Janeiro-RJ para o Caraça (500 Km):
BR 040 até Conselheiro Lafaiete-MG.
Seguir para Ouro Branco – Ouro Preto – Mariana – Catas Altas. Seguir sentido
Santa Bárbara – Caraça.
De
Vitória-ES para o Caraça (500 Km):
BR 262 até João Monlevade-MG. Seguir
pela BR 381, sentido Belo Horizonte-MG, até o trevo para Barão de Cocais –
Santa Bárbara – Caraça. Seguir pela MG 436 via Barão de Cocais. Antes da cidade
de Santa Bárbara, virar à direita para o Caraça.